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Conversa Luís Filipe Borges
Sintomas De Escritor julho 03, 2020 1
Fez parte de diversos projectos televisivos de sucesso, "A Revolta dos Pastéis de Nata", "5 para a meia-noite", "Sempre em Pé" ...
Apresentador, guionista, escritor, actor, produtor ... multifacetado e benfiquista assumido, Luís Filipe Borges aderiu ao nosso convite e acedeu à conversa.
Seguiu direito e tornou-se humorista, apresentador .... seguiu uma vida direccionada à arte, tornando-se artista reconhecido do público televisivo e dos leitores.
... quando era caloiro em Direito irritava-me a sociedadezinha normalizada na qual me vi
inserido, cheia de putos de 18 anos já com blazers e pastinhas, armados em doutores.
Luís Filipe Borges: Avaliar trabalhos dos meus alunos na ETIC.
Quem é Luís Filipe Borges?
LFB: Um tipo de 42 anos, casado, feliz dono da cadela Indie, do gato Haruki, angustiado proprietário
dum sinal saliente no pescoço. Açoriano, argumentista, comediante, benfiquista.
“A Revolta dos Pastéis de Nata” estará Belém preparada para uma revolta desta magnitude?
LFB: Penso que esteve, e lidou muito bem !! Já lá vão 15 anos.
Como surgiu esse projecto?
LFB: Mérito de Bruno Santos, na altura jovem subdirector da RTP2, que escolheu – um a um – uma
equipa inteira de virgens televisivos. Foi onde comecei, o Jel, o Pedro Fernandes, o Hugo Veiga,
etc.
Porquê a boina?
LFB: Porque quando era caloiro em Direito irritava-me a sociedadezinha normalizada na qual me vi
inserido, cheia de putos de 18 anos já com blazers e pastinhas, armados em doutores. Queria
algo que me diferenciasse. Foi um acto de rebeldia juvenil simples.
Actor, apresentador, guionista … qual a sua verdadeira arte?
LFB: Como diz a minha mãe quando está chateada comigo: “Tu não queres mesmo morrer
estúpido!”. Pois não, tenho uma curiosidade imensa, a noção de que a vida é curta, e
felizmente sou versátil. A resposta simples seria “comunicar”.
O sucesso, ou a glória – citando Fernando Vallejo – é “uma estátua cagada pelos pombos”.
LFB: Em Portugal, claro. No Orçamento de Estado, não.
E para o humor?
LFB: Tendo em conta a dimensão do país e o tamanho da sua população é notável o número e diversidade de humoristas que existem. Há para todos os gostos, e isso é óptimo.
Seremos nós um país demasiado sério?
LFB: Por um lado cada vez menos, porque cada vez mais pessoas aprenderam a rir de si próprias.
Por outro lado cada vez mais, porque nós – como o resto do mundo – vivemos tempos de aguda polarização, em que te é inculcada a ideia de que: ou estás dum lado ou estás no
extremo oposto. A humanidade mais uma vez a esquecer-se de que a virtude encontra-se sensivelmente a meio. Falta gostar mais, e saber mais, de História.
Escrever, apresentar, fazer rádio, actuar … O que gosta mais de fazer?
LFB: Com uma pistola apontada à cabeça, e a obrigação de escolher apenas uma, diria escrever. A
nobreza de poder criar um pequeno universo onde antes existia apenas vazio e um cursor a
piscar.
O sucesso ... será passageiro ou eterno?
LFB: O sucesso, ou a glória – citando Fernando Vallejo – é “uma estátua cagada pelos pombos”.
Estar orgulhoso do que se fez e se faz, essa é a única garantia de sono tranquilo.
... era a coisa mais parecida com ser actor. As alegações finais como que um monólogoque o protagonista (advogado) interpreta perante a plateia (de jurados).
LFB: Se depender da opinião dos outros, uma angústia permanente. Umas vezes amam, outras são indiferentes. Se depender de ti, uma maratona. Não podes deixar de correr apesar do cansaço.
Como se cresce nos Açores?
LFB: Com orgulho, resiliência, afecto, espírito comunitário e saudades eternas.
Como foi a mudança para Lisboa?
LFB: Foi como ser emigrante dentro do meu próprio país.
Porque decidiu ir para Direito?
LFB: Porque era a coisa mais parecida com ser actor. As alegações finais como que um monólogo
que o protagonista (advogado) interpreta perante a plateia (de jurados).
"5 para a meia noite" seria uma boa hora para uma entrevista?
LFB: Sempre. A noite relaxa, desarma, faz-nos ganhar tempo e até a ilusão de espaço.
Porquê "5 para a meia noite?"
LFB: Porque éramos 5 anfitriões a fazer algo que passava sensivelmente a essa hora. Se bem me
lembro, o nome foi bela ideia da Dora Alexandre, membro da Produção.
Gostaria muito de servir o meu clube um dia.
LFB: É um dos clubes com mais adeptos e sócios, o primeiro grande em Portugal a eleger
democraticamente quem preside (em pleno fascismo), o clube com mais finais europeias na
História, e será sempre o meu.
O que falta ao Benfica para ganhar a Liga dos Campeões?
LFB: Uma playstation.
Seria Luís Filipe Borges uma boa solução a Luís Filipe Vieira?! Afinal de contas os nomes são
parecidos…
LFB: Gostaria muito de servir o meu clube um dia. Mas seria melhor adjunto do que presidente.
O que nos diz o futebol?
LFB: O português mais vale nem escutá-lo, que só diz porcaria.
Terminei recentemente “O Mundo Não Acaba Assim”, escrito e realizado com 4 amigos: Artur Ribeiro, Filipe Homem Fonseca, Nuno Duarte e Tiago R. Santos, a primeira série de ficção produzida em tempos de pandemia.
LFB: “Mal-Amanhados – Os Novos Corsários das Ilhas”, uma série de 10 episódios sobre a minha
terra, minha estreia como produtor e declaração de amor aos Açores. Cada capítulo tem
chegado a um mínimo de 350 mil espectadores e agora há convites para um livro e edição em
DVD.
Terminei recentemente “O Mundo Não Acaba Assim”, escrito e realizado com 4 amigos: Artur
Ribeiro, Filipe Homem Fonseca, Nuno Duarte e Tiago R. Santos, a primeira série de ficção
produzida em tempos de pandemia.
E projectos futuros?
LFB: A sequela dos “Mal-Amanhados”, um documentário sobre os resistentes portugueses contra o nazismo, uma longa-metragem intitulada “Quando a Chuva Disse ao Vento”.
... não nos levarmos a sério é meio caminho andado para uma vida menos dolorosa.
LFB: Ser pai.
Se pudesse deixar uma mensagem que fosse ser lida daqui a 100 anos o que diria?
LFB: Ainda há redes sociais? Não leiam os comentários. Vão antes viver.
O que nos diz o humor?
LFB: Que não nos levarmos a sério é meio caminho andado para uma vida menos dolorosa.
O que nos diz o “Boinas”?
LFB: Obrigado pelas perguntas e convite. Deixo-vos uma das minhas citações favoritas (Beckett):
“Tenta. Falha. Tenta outra vez. Falha outra vez. Mas falha melhor.”
Texto: Palavras Regionais | Imagens: Facebook Luís Filipe Borges
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Gosto muito do LFB :) E adorei esta conversa :)
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