O Sonho de um Confinamento (Corona)

Imagem de Stefan Keller (Pixabay)


Por estes dias vivemos um pesadelo, um flagelo, provocado por um vírus, uma ameaça invisível que não escolhe raças, idades nem religiões, pode atacar qualquer um, e ferir mortalmente qualquer gente.
Fomos obrigados a readaptar toda a nossa vida para conseguirmos proteger todos os nossos entes queridos, a nós próprios e a toda a humanidade.

Tendo por tema, os novos tempos que hoje vivemos, Fábio Rebouças de Azeredo, mais conhecido como Fábio Brazza, cantor/rapper e compositor brasileiro, nascido a 12.01.1990 em São Paulo escreveu um maravilhoso poema que nos retrata, como se um sonho fosse, os tempos e dias, e horas que hoje vivemos e na única forma, conhecida, que temos para podermos derrotar esse nosso inimigo comum, o vírus.



"Ontem à noite, pendurado em meus pensamentos
Desabei num sono profundo
Tive um sonho tão real
De que um vírus mortal se espalhava pelo mundo
E para conter sua disseminação, a única solução
Era a reclusão total
Cada ser humano foi obrigado
A viver em casa confinado e manter distância social
Como para os mais velhos a doença era mais fatal
Até pais e filhos, netos e avós
Tinham que ficar a sós, pra preservar os seus parentes
E assim o mundo todo parou
Pelos 5 continentes
As ruas ficaram assustadoramente tranquilas
Só nos hospitais haviam filas
Pra cuidar dos mais doentes
Foi uma loucura sem precedentes
Mas que estranhamente fez a gente despertar
Só vamos vencer essa guerra
Se todos no planeta terra
Resolverem se ajudar
Essa Pandemia revelou nossa insignificância
Destronou nossa arrogância e ambição
Agora podíamos ver com mais clareza, nossos erros e fraquezas
Sob as lentes aumentadas da solidão
Você aproveitou bem o seu tempo
Ou foi escravo da hora?
Você abraçou quem te ama suficiente
Pra não sentir remorso agora?
Sozinhos com nós mesmos
Finalmente tínhamos tempo de sobra pra refletir
Mergulhar dentro de si e perceber
Que existe um nirvana
Dentro de cada alma humana
Que ego não deixa ver
E que o outro, é meu eu mais sensível, alojado em outro corpo
Afinal, de que vale conquistarmos o mundo se no fundo continuamos sós
De que vale acharmos vida fora da terra se falharmos ao achar a vida em nós?
É como se nossos avós, dentro dos hospitais, nos dessem conselhos
Larguem seus celulares, não vale a pena viver por aparelhos?
A vaidade é um prejuízo, que nos faz perder juízo
E se afogar que nem Narciso no reflexo dos espelhos!
O rico que via o funcionário com desprezo
Agora em seu condomínio preso
Finalmente descobre
O quanto depende do pobre
E o quanto seu trabalho tem dignidade
Lixeiro, porteiro, enfermeiro, faxineira, motoboy
Viu em cada um deles um super-herói
Que salva todo dia nossa sociedade
E assim questionou as injustiças sociais
Pois se somos todos iguais
Porque a maioria não tem escolas e hospitais de qualidade?
O medo da morte nos trouxe igualdade
Não havia mais ideia de estrangeiro Chinês, brasileiro, Italiano
Nossa pátria é o ser humano
Nossa nação é o mundo inteiro
Judeu, Cristão e muçulmano
Se uniram em uma só crença
O pior dos males é a indiferença
E a maior doença é a falta de compaixão
Nossa riqueza, sejamos francos
Não está guardada nos grandes bancos
Mas acumulada nos cofres do coração
E quando a epidemia acabou
Vi estranhos pelas ruas se abraçando
E as famílias de alegria chorando
Por poderem enfim darem as mãos
Quando acordei tive a impressão que esse sonho foi realidade
Como se a gente tivesse que passar por aquela dificuldade
Pra recuperar nossa sanidade
Por isso, se alguém um dia reclamar que o tempo não é o bastante
E dizer que o dinheiro é o mais importante
Peço por piedade
Diga praquele que reclama
Quanto vale o abraço de quem ama
E que sozinho não há felicidade
Conte pra eles sobre o dia
Em que uma pandemia desafiou nosso egoísmo e vaidade
Conte a eles que só foi possível
Enfrentar esse exército invisível
Com empatia e humildade
Pois nem todo armamento nuclear
É capaz de exterminar
Esse inimigo que nos invade
Não, não foram armas nem tiros
No fim quem venceu esse vírus
Foi a força da solidariedade
Talvez a solidão me enlouqueceu
E tenha sido delírio meu
Pensar que o ser humano tem jeito
Mas se por acaso algum sujeito
Sonhou o mesmo sonho que eu
Então ele ainda pode ser verdade
E eu peco por favor
Pra que todo sonhador
Espalhe o vírus do amor
No peito da humanidade"


Fábio Brazza 

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